quarta-feira, 13 de maio de 2009

peso

peso de porta, peso de papel
peso da mochila nas costas
peso de um anel...

peso no olhar, peso no sentir
peso de seguir...

peso pras pessoas
peso pra levar
peso pesado pra se levantar

peso...

terça-feira, 12 de maio de 2009

breu


Nessas horas de escuridão, o corpo se sente cansado. Cansado de lutar, de tentar viver, de tentar sair do breu. Nas horas escuras o tempo passa tão devagar que é possível se contar grão a grão da areia que cai na ampulheta do tempo.
E você diz então: "Saia daí, se levante!" Mas a porta de saída está escondida dentre a névoa escura. E eu me impressiono como essa escuridão, que é conhecida, familiar, acha que pode e deve ficar. Acha que aqui dentro é o seu lugar! E o corpo, todo o corpo, fica assim... exausto!
Eu me sinto como aluno, louco para ouvir soar o sinal do recreio. É assim que espero a invasão da luz.Porque quando a luz chega... ah! A vontade volta, vontade de levantar, vontade de viver. A energia recomeça a brotar. A luz faz o olho enxergar a cor. Sim... a luz me faz ver o caminho de novo, que agora está encoberto.
Então aqui estou presa nessa escuridão, esperneio como um bebê, mas de tempos em tempo canso e páro... ofegante! Continuo a tatear, ainda em vão, procurando a maçaneta da porta que permitirá essa luz libertadora entrar.
Lutando, prossigo... caminhando... passo após passo... e espero... porque sei que esse breu passará e o tempo iluminado então ficará.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

saudade

Tem dias que me acho uma pessoa forte, noutros me sinto muito fraca. Nesses últimos tenho experimentado o peso da saudade. Saudade da família, dos amigos, de um cheiro familiar, de um abraço conhecido. Nesses últimos dias desejei o almoço da casa da minha mãe, com uma comida simples, mas cheia de carinho, amor e brincadeiras. Desejei deitar na cama dos meus pais depois do almoço, sentindo o cafuné que só a minha mãe sabe fazer. Desejei o cafézinho de final da tarde, em que amigos queridos chegam e sentam e todos têm um momento de alegria juntos. Como desejei a visita inesperada das minhas sobrinhas de manhã pra deitar na minha cama e curtir o soninho que existe antes de se acordar de verdade.
Dizem que tem coisas que a gente precisa perder pra valorizar de verdade. Acho que de uns anos pra cá, já sabia que essas coisas eram valiosas assim. Espero não ter deixado de demonstrar minha alegria de estar na presença dos meus queridos.
Nem tudo são tristezas, nesses últimos dias tenho encontrado de novo, e todos os dias, a amizade do meu querido marido, tenho aberto espaço para novas amizades e novos desafios... exatamente como imaginei.
Às vezes o passarinho precisa cair do penhasco para aprender a voar. E assim eu me jogo... esperando que as minhas asas comecem a bater...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Energia


Lá em Manaus, toda vez que faltava energia eu dizia: "Como assim, faltar energia, estamos em pleno século 21". Quando a "luz vai embora", a gente fica muito estressado, fica calor, tem mosquito em toda parte, a gente fica com raiva e não consegue dormir, só que não dá pra assistir televisão e nem entrar na internet pra passar o tempo.
Então, aqui estou eu, em plena São Paulo, e ontem, faltou energia por horas e horas. Eu simplesmente não acreditei! Século 21, em São Paulo, sem energia. Moro em um prédio antigo e lá fomos nós subir as escadas, no escuro. Não tínhamos fósforo, então usamos um incenso para acender o forno. Foi no mínimo engraçado, mas depois de algumas horas, a brincadeira já havia perdido a graça.
A vida é assim, no século 21 a luz ainda vai embora, mesmo em São Paulo, e temos uma boa oportunidade de parar, conversar, jogar conversa fora, sem as distrações de uma cidade, sem a TV, sem o computador e sem celular (porque o meu estava descarregado e não tinha como carregar). Esses momentos, se aproveitados, podem se tornar inesquecíveis.

sábado, 4 de abril de 2009

visitas

Uma coisa legal de morar longe é receber visitas. Morando em São Paulo, existe a vantagem de que onde quer que as pessoas vão no Brasil, passam por aqui. Outra coisa são as pessoas que vem pra fazer alguma coisa na área médica, o que pode não ser tão legal, mas acaba sendo, porque a gente vê a pessoa indo embora bem!
Semana passada tivemos uma visita dessas de médica. A nossa tia veio pra tirar um câncer. A tensão era constante, apesar do bom-humor que ela insistia em manter. Posso dizer que aprendi bastante sobre confiança em Deus e saber que Ele cuida da gente.
Depois a tensão, a alegria de saber que foi tudo bem! E de lambuja, a mãe dela veio pra cuidar dela e acabou cuidando de todo mundo. Comidas, guloseimas, carinhos de vó. Me fez sentir saudade da minha avó. E foi legal também porque eram pessoas conhecidas da família, queridas, mas com quem não tínhamos tanto contato assim, e a visita nos fez conhecer-nos melhor e assim, gostarmos ainda mais um do outro.
Então... meus amigos, sejam bem-vindos a visitar-nos. Amamos receber visitas queridas e amigas, que trazem mais alegria e cor pras nossas vidas.

terça-feira, 24 de março de 2009

agorando meu friozinho

Depois do post sobre o frio, o calor veio com toda força.
Amazonenses parem de agorar meu frio!!!!

domingo, 22 de março de 2009

clima bom




Chegou o outono e o clima mudou. Estava fazendo muito calor aqui, apesar de não ser igual o de Manaus, é mais ardido, de acordo com a minha percepção. Imagina pegar ônibus e metrô lotado com uma galera suada e fedorenta... Pois é... eu fiz isso.
Mas agora estamos experimentando um clima bem ameno, gostoso! O problema é que só da vontade de dormir! Gente... é uma delícia, sério mesmo!
Eu queria que MAnaus tivesse esse clima, afinal, uma cidade tão boa, com um clima tão quente! Eu não sou daquelas manauaras que fica com raiva de quem fala do clima da cidade, porque eu também falo e cresci lá. Então, por que alguém que não está acostumado com aquela quentura horrível deveria falar bem?
Estão falando que talvez faça muuuuito frio aqui por uns dias, como no ano passado. Já estou até me vendo, totalmente ridícula, com aquelas roupas de esqui, que parecem infláveis. E o povo pensando: quem é essa louca?
Anyway... é a vida de uma amazonense no sudeste brasileiro.

quarta-feira, 18 de março de 2009

chuvas e estações


Eu sou amazonense, estou acostumada com uma chuva que dura semanas e semanas. Aqui em São Paulo, as chuvas são mais assustadoras. Não por terem muitos raios e trovões ou ventos, mas porque a cidade alaga em todos os lugares. Tudo bem, não todos, mas muitos.
O trânsito, já caótico em dias normais, fica desesperador. Eu vi no jornal que é possível até morrer gente ao volante, já que não conseguem se mexer para conseguir socorro. Fiquei impressionada com isso, nem lá na Rain Forrest essas coisas acontecem.
Agora não estamos mais no verão e sim no outono. Uma estação que eu nunca conheci, afinal em Manaus só tem duas estações: sol e chuva e chuva com sol. Nesses dias de chuva lembro-me do meu sogro que diz: Chuva só em bom pra quem tem casa e dinheiro no bolso. E é verdade mesmo... porque essas pessoas não precisam se preocupar com as casas sendo alagadas e com as outras que perdem tudo o que tem ou estão tentando ter, em algumas muitas parcelas.

terça-feira, 17 de março de 2009

salto alto na cidade

Hoje eu estava com saudades de andar de salto, de me achar mais alta, mais feminina. Preciso dizer que não foi a melhor idéia que eu tive nos últimos tempos?
No princípio estava tudo bem, mesmo andando nas calçadas não muito planas, eu estava conseguindo andar bem. Mas começou a chover. E caminhar já não era algo tão fácil assim, principalmente de salto.
Ao sair da estação do metrô, tentando não escorregar, me deparei com uma imensidão de sombrinhas, era a parada de ônibus. Então além de tentar me equilibrar no salto, tentava não enfiar o ferrinho do meu guarda-chuva no olho de ninguém e não ter meu próprio olho furado.
Os ônibus passavam lotadíssimos, poucos paravam. A saída foi tentar ficar confortável ali. Uma moça bem angustiada perguntou se eu queria rachar um taxi, mas estava sem grana. Ela então me contou sua história: "Essa chuva acabou comigo hoje, tinha uma entrevista de emprego e fiquei toda encharcada, minha blusa ficou transparente, liguei avisando que não ia. Agora, estou atrasada pra apresentar um trabalho na faculdade e o material que eu ia apresentar está todo destruído pela chuva. Tô desesperada".
Estava ali ouvindo quando o busão chegou e, mesmo lotado, parou. Eu e mais meia dúzia de pessoas, incluindo a moça com quem conversara, se penduraram à porta. Fomos nos encaixando nos espaços. O motorista esperando as pessoas se espremerem mais um pouco para poder fechar a porta, mas não havia nenhum milímetro vazio. Eu já havia me enfiado lá dentro, mas as pessoas penduradas pediam: "Ei galera, anda mais um passo, mais um passinho, por favor", e nós, os enfiados, tentávamos ajudá-los. Enfim a porta se fechou.
Na volta para casa, riachos e córregos se derramavam na sarjeta. Minhas sandálias altas estavam me atrapalhando. Meus pés escorregando, eu ali, andando devagar, sem cair, consegui chegar! Morta de raiva, toda feminilidade e beleza por água a baixo, chegando perto de casa, tirei as sandálias e vim descalça mesmo.


quinta-feira, 12 de março de 2009

preços




Ingênua como sou, achei que aqui em SP, pela variedade de salões de beleza que existem, esse serviço seria bem mais barato. Mas me enganei. Outro dia fui fazer as unhas e quase tenho que deixar as roupas do corpo no salão. E antes de eu viajar, inventei de mudar a cor do meu cabelo, e eu gosto dessa cor que tá agora. O grande problema é a manutenção.
Nessas horas, sinto falta da boa e velha Manaus, onde eu ainda encontro manicures que fazem as unhas por R$ 15,00, onde eu sou amiga da cabeleireira que cuida dos meus cabelos e faz pelo preço de custo.Onde ficar bonita e arrumada não é uma coisa para poucos.
Outro dia passou no jornal que os preços aqui assustam tanto, que as pessoas começaram a fazer um tal de mutirão da beleza. As vizinhas e amigas se reúnem e uma faz "experimentos" na cabeça da outra. Meu marido, engraçadinho, me disse: olha aí amor, vai num desse. Só fiz dar um olhar congelante para ele.
Eu era arrumada e sabia! Adorava ser arrumada, pintada, maquiada! Agora vou ter que economizar horrores pra cuidar de mim...

quarta-feira, 11 de março de 2009

enxaqueca X busão


Ontem estava no trampo quando uma leve dor de cabeça começou. Não comprei um remédio na farmácia que tem pertinho da estação de metrô porque achei que ia logo passar.
Dentro do metrô, a dor aumentava, logo parecia que eu tinha um coração gigantesco dentro do meu cérebro, a cabeça pulsava e doía, doía... Fazia tempo que eu tinha uma dor tão forte como essa. Não queria nem abrir os olhos de tanta que a cabeça doía.
Saindo do metrô, na parada de ônibus, 3 ou 4 se empilharam, com dificuldade forcei meus olhos a exergar os nomes dos tais busões. Li o nome do meu e entrei. Dentro, fechei os olhos mais uma vez e assim fiquei por alguns minutos. Ao abrí-los, advinha só, estava dentro do ônibus errado por uns 10 minutos. Fiquei nervosa! Perdida numa cidade como São Paulo, com a cabeça estourando de dor, sem um puto centavo no bolso. Tentei ligar para o meu marido, que adora deixar o celular ligado e ir pra qualquer outro lugar que não seja perto do telefone. Com uma vontade de chorar de raiva, me aprumei e fui tentar conversar com a cobradora que me deu uma dica: descer onde eu estava, atravessar a avenida, pegar um ônibus para a parada onde eu estava e depois pegar um novo ônibus para o lugar certo!
Lá estava eu, cansada do trampo, morrendo de enxaqueca, com raiva do meu marido que não atende o celular, sem dinheiro e pedestre! Fiz todo o trajeto de volta, peguei o ônibus certo, fui pra casa, cheguei sã e salva, mas com um puta mal-humor, gritei com o marido, com o primo, se tivesse cachorro, gato, papagaio ou periquito, tinha sobrado pra eles também.
Resumindo: Se você está com enxaqueca, é melhor pedir a solidariedade de outro amigo pedestre e entrar no busão certo.

esfrega esfrega


Nas vezes em que eu andei de ônibus lotado em Manaus, não posso dizer terem sido boas. Homens que, penso eu, não pegam ninguém em algum tempo, ou simplesmente tem que pegar qualquer pessoa, se satisfazem com esfregar seu membro nas mulheres pedestres. Quantas e quantas histórias eu já não ouvi de tantas mulheres, quase que abusadas dentro do "busão".
Aqui em São Paulo, apesar de andar em ônibus lotados, não vejo isso acontecer. Ninguém fica se esfregando em ninguém, cada um respeita o espaço do outro, mesmo que seja um milímetro. Fiquei impressionada!
No meu primeiro dia de busão paulista lotado, fiquei já me preparando para proteger a retaguarda, mas não precisei. Ninguém quis se aproveitar. Nenhum tarado enrustido quis aproveitar pra se esfregar na bunda alheia. Palmas para os paulistas nesse aspecto.
Agora... pausa para pensar na tristeza desses homenzinhos que tentam esfregar seus membros nas pobres pedestres que TEM que andar de ônibus lotado, no calor de Manaus. Gente... às vezes eles se esticam, por um "prazer"(será que chega a ser um prazer) mais curto da história dos prazeres.
Fica aqui o meu reconhecimento da educação e respeito dos homens paulistas dentro dos busões da vida. E que esse exemplo se espalhe Brasil a fora.

o começo de tudo


Hoje estava eu voltando para minha casa quando me deparei com a minha rotina nova. Todos os dias eu pego um ônibus lotado. Em Manaus, onde eu vivia também existiam lendas sobre ônibus lotados, mas eu não participava dessas aventuras, lá eu era uma burguesa motorisada. Hoje, aqui estou, eu e os meus pensamentos dentro de um ônibus lotado.
Lembro-me dos dias em que usava meus sapatos altos, usava roupas menos confortáveis, afinal de contas, tudo é mais confortável dentro do seu carro. Mas aqui, ah aqui não, aqui temos que nos preparar para o dia. No lugar de plataformas, rasteirinhas ou sapatilhas ou até mesmo tênis. Logo eu que desprezei o tênis durante tanto tempo.
Mas hoje tive essa epifania. O ônibus, ou metrô, não precisa ser uma experiência triste, nem produzir a auto-comiseração, mas pode ser uma experiência de grande ispiração, diversão e crescimento.
Afinal de contas: o que não mata, engorda! Então, convido você a participar comigo, desse novo mundo de descobertas minhas. Obrigada pela atenção e se segura, que esse ônibus sacoleja que é uma maravilha!